Curitiba testa faixa exclusiva para motos

por Ex-alunos
Curitiba testa faixa exclusiva para motos

A faixa terá 60 dias de avaliação na Avenida Victor Ferreira do Amaral

Por Matheus Ledoux

Com o objetivo de melhorar a segurança no tráfego, o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran) e a prefeitura de Curitiba estão testando um projeto de faixas exclusivas para motos. A faixa ficará à frente dos demais veículos.  A avaliação está sendo feita nos dois sentidos da Avenida Victor Ferreira do Amaral, no Tarumã, perto da sede do Detran.

Inspirada na Europa, a proposta foi apresentada pelo vereador Cacá Pereira (PSDC) à Câmara de Curitiba, e foi aprovada pelo plenário em fevereiro.  Segundo esse projeto, o sistema de moto faixa estará presentes nos semáforos das avenidas de Curitiba, deverá ser identificado por sinalização horizontal com a figura de uma motocicleta, ficará entre a faixa de pedestres e o limite de paradas para os carros (medindo entre 2,5 e 3 metros), e poderá ser regulamentado pelo Poder Executivo naquilo que for necessário.

De acordo com o vereador houve certa demora em avaliar a proposta no plenário, mas ele já estava buscando a possibilidade deste projeto há algum tempo. “Sou presidente do Sindicato do Trabalhador com Moto, então a gente convive com isso, e achamos interessante fazer esse projeto de lei em Curitiba. A gente já tinha tentado via proposição e agora via projeto de lei em janeiro, ficando na mão do executivo”.

Segundo a especialista em trânsito do Detran, Iraci Isabel Rocha, os motociclistas terão exclusividade de largada nos sinaleiros, diminuindo os conflitos entre motociclistas e automóveis. “Está em teste por 60 dias. Foi colocado em uma avenida justamente para saber a aceitação, que até então levou dois dias para os motoristas entenderem o que era aquela sinalização. Para a direção defensiva é ótimo, uma vez que o motociclista está totalmente exposto. Ele vai ver melhor o pedestre”, explica Iraci.

De acordo com a instrutora de centro de formação de condutores, Fabrícia Passos Salles, a medida vai dar fluidez no trânsito e mais segurança aos condutores. “É interessante, pois as motocicletas são mais ágeis e têm um arranque mais rápido que os veículos maiores. E os motociclistas vão ficar em segurança, estando em um espaço designado a eles. E não ocupando um corredor, que não é um local seguro para motociclistas”.

Segundo Fabrícia, nas vias em que há faixa de ônibus, é um ponto negativo os motociclistas andarem nestas faixas para chegar até a frente, onde fica a área destinada às motos. Ela fala que as vias mais indicadas para ter a moto faixa são as vias de trânsito rápido (pois há muito fluxo de veículos) e as vias arteriais (porque se estende de uma região a outra da cidade).

Para o motociclista Mark Broy Dias, os motoristas ainda estão se adequando a nova faixa. “Passo por aqui todo dia. Na primeira vez não sabia, depois que fui ver, pensei que era para bicicleta. Depois que eu vi a televisão filmando e o símbolo da moto na faixa, aprendi”. Para a motorista Josiane Alves Leal, a aceitabilidade foi ótima em relação aos condutores e aos motociclistas. “Achei legal. Agora os motoristas respeitam, assim como a faixa de pedestres. Seria importante ser instalado em outras avenidas”, afirma Josiane.

De acordo com dados do site do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT), de janeiro a fevereiro deste ano, seguindo a mesma tendência dos anos anteriores, a motocicleta representou a maior parte das indenizações. Foram no total 56.581 compensações financeiras, destas 42.817 foram de acidentes de moto (76%). Isso que as motocicletas representam apenas 27% da frota nacional.

Apesar de ser novidade para os motoristas de Curitiba, a faixa moto foi efetuada primeiramente na Espanha em 2008, nas cidades de Madri e Barcelona.  No Brasil, São Vicente, no litoral paulista, foi a cidade pioneira com esse tipo de faixa de retenção. Depois São Paulo aderiu à faixa em 2013.

A capital paulista também implantou, em 2006, uma pista exclusiva para motos, na lateral das avenidas, mas desinstalou todas em 2013. Segundo dados do site da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET-SP), em 2006, após a implantação da primeira pista lateral exclusiva para motos, os acidentes envolvendo motocicletas gerando vítimas tiveram um aumento de 86,9%, na cidade paulistana. No segundo ano subiram mais 32%.  Mostrando que ao contrário do esperado, piorou as condições de segurança onde foi instalada.

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