Destino correto para cosméticos vencidos

Há uma lei que determina a responsabilidade compartilhada para a destinação desses resíduos
Por Kátia Oliveira
O descarte de cosméticos de forma incorreta pode ocasionar danos ao meio ambiente e como qualquer produto alimentício, eles também uma validade a ser respeitada e quando o prazo de validade vence, é necessário se desfazer desse produto. Há maneiras corretas de fazer esse descarte. Procurar por cosméticos que sejam sustentáveis, tanto em sua composição quanto em sua embalagem, é um grande passo para ajudar a si mesmo e amenizar danos ambientais e assim ter a certeza de que esse produto não degrada a preservação do meio ambiente.
O Engenheiro ambiental Luiz Guilherme Vieira explica que quando os cosméticos estão fora do prazo de validade ou por outros motivos não são mais utilizados pelos consumidores, geralmente são descartados com os outros resíduos domésticos e acabam indo para aterros sanitários ou lixões ou até mesmo no esgoto sanitário. Essas formas de destinação são consideradas inadequadas, pois, os cosméticos possuem diferentes componentes químicos que podem causar contaminação n o solo, água e ar.
A partir da aprovação da lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, definiu-se que a responsabilidade pelo descarte desses outros resíduos é compartilhada, ou seja, “tanto fabricantes como distribuidores, comerciantes e consumidores finais, são responsáveis pelo descarte desses materiais”, diz o Engenheiro.
Algumas empresas já se adequaram à essa política e possuem programas para recebimento de resíduos de cosméticos (podendo ser encaminhados via correio ou entrega nas lojas cadastradas). Isso garante que o resíduo químico seja destinado de forma adequada, sem prejuízos ao meio ambiente.
Geralmente as informações sobre o vencimento do produto estão atrás ou na parte inferior do produto
A Esteticista Tainara Vasques conta que, normalmente ela embala seus cosméticos vencido em sacolas separadas de outros tipos de lixo e coloca uma etiqueta sinalizando que são produtos vencidos e descarta no lixo “normal”. No entanto, ela reconhece que esse hábito pode causar danos a meio ambiente. “A maioria deles vem em embalagens de plástico ou de vidro, que demoram para se decompor, além disso possuem substâncias químicas que podem ser alteradas quando já vencidas ou em muito tempo com o contato do solo e isso pode acabar prejudicando de alguma maneira a saúde de alguém que irá manusear esses lixos”, relata.
Segundo Vieira, na fabricação dos cosméticos são utilizados diversos produtos químicos, que quando descartados no meio ambiente, podem entrar em contato com o solo, chegando a atingir o lençol freático, e contaminando assim as águas subterrâneas.
Ele ainda ressalta que quando são descartados no esgoto doméstico, os processos de tratamento existentes no Brasil não são capazes de reter boa parte dos componentes químicos, portanto acabam sendo levados diretamente aos rios, comprometendo a qualidade das águas. “Um exemplo disso são os esmaltes, cuja composição é de aproximadamente 85% de solventes e 15% de resinas, produtos com alto potencial de poluição”, acrescentou.
Além de danos ao meio ambiente, o uso de cosméticos podem causar alergias na pele e perder seu efeito terapêutico, segundo a Farmacêutica Luana D’Agostin. “Normalmente depois do vencimento, dependendo do produto ele é ativo até um mês, vai depender dos conservantes, forma farmacêutica, entre outras questões, mas, não é recomendado usar nada depois do vencimento”, comentou. Por isso a importância de saber o que fazer com as embalagens e produtos.
Dentro do grupo de cosméticos também se encaixam maquiagens em geral, ou seja, tudo o que for voltado para a higienização e embelezamento
Falta de dados
De acordo com Vieira, uma das principais dificuldades da gestão de resíduos sólidos no Brasil é a falta de informações precisas. No caso específico de resíduos de cosméticos (e de higiene pessoal), não há dados disponíveis sobre a quantidade gerada, muito menos sobre a sua destinação, tendo em vista que grande parte desses materiais são descartados sem o devido controle pela população.
Com a implantação dos programas de logística reversa de cada indústria, será possível obter informações futuras sobre os resultados de cada um deles, consolidando um panorama mais preciso sobre a gestão de resíduos de cosméticos no país.
Empresas na prática de políticas reversas
Algumas marcas contam com as chamadas políticas de reversas de descarte, ou seja, aceitam de volta as embalagens vazias de seus produtos e as encaminham para a reciclagem. Algumas até trocam as embalagens por produtos novos.
Um exemplo de marca brasileira é o Grupo O Boticário que conta com pontos de coleta de embalagens espalhados pelas lojas, onde podem ser depositadas embalagens de todo o grupo, que inclui a Quem Disse, Berenice?, Beauty Box e Eudora.
Coletor de embalagens do Grupo O Boticário: Basta depositar a embalagem e ela irá para o lugar correto
A Gerente do O Boticário, da unidade do Shopping Jardim das Américas, em Curitiba, Camila Luciano considera importante a reciclagem das embalagens, porque, “além de dar o descarte correto sem danificar o meio ambiente e também de conscientização dos nossos consumidores que a nossa marca se preocupa e faz a diferença no nosso planeta, o projeto de sustentabilidade emprega centenas de pessoas”.
A Gerente ainda conta que há inúmeros benefícios com esse projeto de sustentabilidade “além da preservação do meio ambiente, com a reciclagem, existe também a preocupação na hora de fabricação, na escolha do material mais sustentável, já reciclável e biodegradável, de produtos que não são testados em animais da preocupação e o cuidado com um todo, pois, acreditamos que a nossa beleza pode transformar o mundo” enfatizou.
O Engenheiro ambiental, Luiz Guilherme cita um outro exemplo, da empresa MAC, que troca embalagens de cosméticos vazias por um produto novo. Nesta campanha, a cada seis embalagens de batons usados, é possível trocar por um batom novo, trazendo um grande incentivo para a participação dos consumidores na cadeia.