Os 16 erros e dúvidas mais comuns na Língua Portuguesa

por Lamartine Lima
Os 16 erros e dúvidas mais comuns na Língua Portuguesa

Confira nosso guia para não errar mais em provas, e-mails e redes sociais

Por Lamartine Lima e Larissa Miglioli

Erros de português podem comprometer com qualquer um, seja em uma prova, trabalho, redes sociais ou qualquer outra atividade do dia a dia. Muitas pessoas alegam que a língua portuguesa é uma das mais difíceis, enquanto outros refutam essa afirmação, alegando que isso é só uma desculpa para justificar os erros cometidos.

Grande parte das falhas podem estar relacionadas à educação deficitária no Brasil, mas também à incompreensão da importância da utilização correta da língua portuguesa, é o que acredita o orientador e professor Luiz Miguel Herzog. “É certo dizer que o grau de escolaridade e a classe social da pessoa impactam, porém, o domínio da língua é também diretamente proporcional ao hábito de leitura do indivíduo”.

Segundo o orientador e professor, as mudanças dos últimos anos no Enem e nos vestibulares, resultaram em provas mais focadas no caráter sociolinguístico do português do que especificamente na gramática. Ainda sim, são questões muito relevantes nas redações dos vestibulares. Pensando muito além do âmbito educacional, vale lembrar que diariamente todos utilizam da língua portuguesa. Herzog ainda dá conselhos de como se preparar e evitar futuros erros. “A dica é ler, ler muito, de livros até jornais, e, principalmente não ter vergonha de perguntar e procurar o significado de uma palavra que não conhece”.

Pensando nisso, elaboramos juntamente com o professor Herzog, uma lista com os 16 erros e dúvidas mais comuns de português e como evitá-los.

1 – Por que/Porque/Por quê/Porquê

Vamos começar com uma confusão que já acompanha gerações.

Por que: usa-se o “por que” para perguntas, mesmo que implícitas.

Exemplos:Por que ele ainda não saiu?” ou “Ela não sabe por que está aqui”.

Porque: usa-se “porque” para respostas. Se for possível a substituição por “pois”, significa que o emprego do porque foi correta.

Exemplos: “Não foi trabalhar porque estava doente” ou “Não fui porque eu sofri um acidente”.

Por quê: é empregado no final de uma frase, seguido por pontuação, seja exclamação, interrogação ou reticências, o correto é “por quê”.

Exemplos: “Estou chateado. Sabe por quê?” ou “Ele não quer ir, sabe por quê?”.

Porquê: o “porquê” tem exatamente o mesmo sentido de motivo ou razão

Exemplos: “Não sabia o porquê de tanta pressa” ou “Gostaria de saber o porquê de sua mudança de opinião”.

 

2 – Mal e Mau

Mal: é substantivo quando precedido de um artigo, como em “o mal do homem”, e advérbio quando acompanha adjetivo ou verbo. É também antônimo de “bem”.

Exemplo: “Ele está bem/Ele está mal”.

Mau: é um adjetivo, Indica alguém ou alguma coisa não é boa. É também antônimo de “bom”.

Exemplo: “Você é um bom amigo/Você é um mau amigo”.

 

3 – Mas e Mais

Mas: é conjunção adversativa e tem o mesmo significado de “porém”, “contudo” e “entretanto”.

Exemplo: “Você é legal, mas errou”.

Mais: é um advérbio de intensidade, indicando adição ou acréscimo. É também o oposto de “menos”.

Exemplo: “Sorvete é mais gostoso que chocolate”.

 

4 – Haver e A ver

A confusão se dá porque a pronúncia é a mesma.

Haver: é verbo e significa “existir”.

Exemplo: “A de haver uma opção”.

A ver: significa “Ter a ver” é “ter ligação”.

Exemplo: “Ele não tem nada a ver com isso”.

 

5 – Traz/Trás/Atrás

Segundo o professor, é bem comum se deparar com trocas de letra entre as palavras, como ‘tras’ e ‘atráz’, isso se dá por conta da sonoridade semelhante.

Traz: é conjugação do verbo “trazer”, refere-se ao ato de transportar

Exemplo: “Me traz isso aqui”.

Trás: é advérbio de lugar, “trás” vem sempre acompanhado de uma preposição, formando assim uma locução adverbial.

Exemplo: “Ela olhou para trás quando gritei”.

Atrás: também é um advérbio de lugar.

Exemplo: “Ele estava atrás do local indicado”.

 

6 – Onde e Aonde

Onde: é o lugar em que alguém ou alguma coisa está.

Exemplo: Onde está meu lápis?”.

Aonde: está relacionado ao ato de se movimentar. Por isso, quem vai, vai “a” algum lugar.

Exemplo: “Você vai aonde?”.

 

7 – Demais e De mais

Demais: na maioria dos casos, emprega-se “demais”, o advérbio significa excessivamente, muito, bastante.

Exemplo: “Dormir é bom demais”.

De mais: a locução “de mais” é comparável à expressão “a mais”, pode ser também associada a estranheza.

Exemplo: “Nem sal de mais, nem de menos” ou “Não vejo nada de mais naquilo”.

 

8 –  Eu e Mim

Eu: o pronome é utilizado apenas na posição de sujeito do verbo.

Exemplo:Para eu fazer isso, vou precisar de ajuda”.

Mim: a expressão para mim deverá ser usada quando assume a função de objeto indireto:

Exemplo: “Deixe o resto do sorvete para mim”.

 

9 – Esse e Este

Esse: é usado para retomar um termo, uma ideia ou uma oração já mencionados antes.

Exemplo: “A Terra gira em torno do Sol. Esse movimento é conhecido como translação”.

Este: por sua vez, introduz uma ideia nova, ainda não mencionada. Também pode indicar proximidade do falante, enquanto “esse” nos dá a ideia de proximidade do ouvinte.

Exemplo: Esta ideia de presente é interessante”.

10 – Nessa/Nesta/Naquela

Nessa: O pronome demonstrativo “nessa” deverá ser utilizado quando a pessoa ou o objeto referido está situado espacialmente longe da pessoa que fala e próximo da pessoa a quem se fala. Deverá também ser usado para indicar algo no tempo passado em relação à pessoa que fala ou que já foi mencionado anteriormente discurso.

Exemplos:Procure o papel nessa gaveta aí” ou “Foi nessa semana viajei para Manaus”.

Nesta: O pronome demonstrativo “nesta” deverá ser usado quando a pessoa ou o objeto referido está situado espacialmente próximo da pessoa que fala. Deverá também ser usado para indicar algo no tempo presente em relação à pessoa que fala ou que ainda vai ser mencionado no discurso.

Exemplos: Procure o papel nesta gaveta aqui” ou “Ainda nesta semana viajo para Manaus”.

Naquela: O pronome demonstrativo “naquela”, deverá ser usado quando a pessoa ou objeto referido está situado espacialmente longe da pessoa que fala e da pessoa a quem se fala. Deverá também ser usado para indicar um passado distante

Exemplos: “Procure o papel naquela gaveta ali” ou “Foi naquela semana viajei para Manaus”.

 

11 – Faz e Fazem

Faz: é utilizado para dar ideia de tempo transcorrido, é impessoal. Também, pode ser usado quando estiver se referindo ao ato de construir, criar e outros verbos que apontem para a ação de realizar algo.

Exemplo: Faz 1 ano que não corto meu cabelo”.

Fazem: esse tempo de conjugação da terceira do plural do verbo “fazer” só pode ser usado quando a ração possuir um sujeito explícito. Diferentemente do que acontece na conjugação anterior, “fazem” pede uma ação feita por alguém ou algo, e não uma subjetividade ou algo que não é tangível, como horas, dias e anos.

Exemplo: “Meu vizinhos fazem muito barulho”.

 

12 – A/À/Há

A: é uma preposição simples, sem contração com um artigo definido. Pode introduzir um objeto indireto ou também indicar tempo futuro.

Exemplo: “Te vejo daqui a pouco”.

À: é a contração da preposição a com o artigo definido feminino a (a + a = à). Pode indicar um lugar ou introduzir um objeto indireto. É, também, usado em muitas locuções adverbiais.

Exemplo: “Vamos conversar à noite”.

Há: é a forma conjugada do verbo “haver” na 3.ª pessoa do singular do presente do indicativo. Pode indicar tempo passado, é também sinônimo de “existir”.

Exemplos:muito tempo que não encontro ele” ou “Você precisa ir, várias vagas”.

13 – A fim e Afim

A fim: é uma locução prepositiva que indica uma finalidade. É equivale a “para”, “com o propósito de” e “com a intenção de”:

Exemplo: “Ela marcou horário no dentista a fim de verificar o que tem”.

Afim: pode ser um adjetivo ou um substantivo. Enquanto adjetivo, se refere a coisas que são semelhantes ou possuindo ligação, o substantivo, indica pessoas que são parentes por afinidade ou partidárias.

Exemplos: “O espanhol é uma língua afim com o português” ou “Para a festa convidarei família e afins”.

 

14 – Tem/Vem e Têm/Vêm

Tem/Vem: use sem acento, na terceira pessoa do singular do presente do indicativo.

Exemplos: “Ele tem medo do escuro” ou “Ele vem aqui mais tarde”.

Têm/Vêm: use “têm” e “vêm”, com acento circunflexo, na terceira pessoa do plural do presente do indicativo.

Exemplos: “Eles têm medo do escuro” ou “Eles vêm aqui mais tarde”.

 

15 – Crase

Quem nunca ficou na dúvida na hora de utilizar a crase? Segundo Herzog é com certeza é um dos mais comuns erros cometidos pelos falantes da língua portuguesa.

Crase: sempre que tiver dúvida troque a crase por “ao” e o substantivo feminino por um masculino. Se não houver uma mudança no sentido da frase, a utilização da crase está correta.

Exemplo: “Vou à igreja”, troque o “à igreja” por “ao museu” “Vou ao museu”. O emprego da crase nessa oração está correto.

Dica: nunca utilize a crase antes de palavras masculinas, verbos e pronomes pessoais.

 

16 – Vírgula

A forma correta de utilização da vírgula também gera muitas dúvidas. Segundo o professor, “um erro clássico ocorre na separação entre o sujeito e o predicado da frase”.

Vírgula: quando as duas frases possuírem sujeitos diferentes, usa-se a vírgula antes da conjunção “e”. A estrutura da frase em Língua Portuguesa é formada por pares indissociáveis, são eles: sujeito + verbo, e, verbo + complemento. A regra de ouro para uso da vírgula é: não se separam esses elementos com vírgula.

Ela deve ser usada para:

Separar o aposto (termo explicativo)

Isolar vocativo (termo que chama a atenção):

Isolar expressões que indicam circunstâncias variadas como tempo, lugar, modo, companhia, entre outras (adjuntos adverbiais invertidos ou intercalados na oração)

Antes dos conectivos mas, porém, contudo, pois, logo:

Isolar termos explicativos tais como isto é, a saber, por exemplo, digo, a meu ver, ou melhor, as quais servem para retificar, continuar ou concluir o que se está dizendo

Separar termos coordenados (uma lista, por exemplo)

 

 

Uma boa dica para quem quer dominar a língua

Juntamente com o orientador e professor Luiz Miguel Herzog, listamos cinco livros que podem ajudar quem tem dificuldades com a Língua Portuguesa.

 

1 – Gramática escolar da Língua Portuguesa

Autor: Evanildo Bechara

Editora: Nova Fronteira

Esta obra além das regras gramaticais e ortográficas, contém um capítulo especial sobre compreensão e interpretação de textos. Visando treinar seus conhecimentos, cada capítulo oferece uma série de exercícios de fixação com gabarito.

 

2 – Gramática do português contemporâneo – Edição de bolso

Autor: Celso Cunha

Editora: L&PM Pocket

Já para quem quer se aprofundar nos estudos do português, esta obra de estudos do gramático apresenta em uma linguagem simples e acessível, dezenas de quadros explicativos e ótimos exemplos.

 

3 – Lições de Gramática para quem gosta de Literatura

Autores: Carmen Lucia Campos e Nilson Joaquim da Silva

Editora: Panda Books

Os autores desta obra reuniram 20 textos de grandes autores brasileiros da literatura, com estilos diversos para explicar, de forma irreverente, divertida e descontraída, a gramática do português.

 

4 – Gramática completa para concursos e vestibulares

Autor: Nilson Teixeira de Almeida

Editora: Saraiva

Com linguagem bastante simples e objetiva, esta obra é ideal para momentos de dúvida, ou quando está produzindo uma redação ou mesmo revisar. Este livro também possui alguns exercícios com gabarito.

 

5 – Minigramática

Autoras: Maria Aparecida Paschoalin e Neuza Terezinha Spadoto

Editora: FTD

Para Herzog, um dos mais importantes do gênero, essa minigramática é ideal para o estudante que está se preparando para o enem ou vestibular, pois possui uma linguagem objetiva, fluída e facilitada, de assuntos simples até os mais complexos.

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