Em busca de liberdade, jovens deixam emprego tradicional e empreendem

Empresas criadas por jovens empreendedores têm faturamento anual de até 360 mil por ano
Por Vanessa Bononi
Uma pesquisa da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje), divulgada em 2016, revelou o perfil do jovem empreendedor brasileiro. Segundo a pesquisa 71% dos jovens que empreendem no Brasil são do sexo masculino, 35% têm entre 26 a 30 anos e 42% possuem o ensino superior completo. As empresas criadas por esses jovens têm um faturamento anual em média de R$ 60 mil a R$ 360 mil e estão criando novas visões e métodos de trabalho.
Ainda de acordo com a pesquisa, são dois os fatores principais que levam os jovens brasileiros a empreender. O primeiro deles é a globalização. Trabalhar em um emprego tradicional, com regras convencionais já não faz mais sentido. Esses jovens procuram novas experiências e não têm medo em romper com os velhos padrões estabelecidos pelo mercado de trabalho. Já o segundo fator diz respeito à instabilidade econômica que passa o país. Devido à crise muitos jovens não conseguem o primeiro emprego e excluídos do mercado, empreender acaba sendo a única opção.
Igor Francisco Konrath é um jovem empreendedor. Redator, formado em Comunicação Organizacional pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), aos 28 anos ele é proprietário de uma agência de comunicação, juntamente com duas amigas. A proposta da If Assessoria Criativa é criar soluções em comunicação. Além do serviço de assessoria, Konrath dá cursos de escrita criativa, utilizando o nome da empresa para promover os cursos e os cursos para promover sua empresa.
São ideias empreendedoras e criativas que caracterizam os negócios desses jovens empresários. Na opinião do redator, o mercado está em processo de adaptação devido ao choque de gerações, para ele é uma questão de tempo até as pessoas perceberem que uma nova cultura organizacional é possível dentro das empresas.
O redator abandonou seu antigo emprego em uma agência de publicidade por sentir que além de não ser valorizado, não conseguia desenvolver bem seu trabalho devido às pressões e curtos prazos estabelecidos pela agência. Embora hoje esteja tendo sucesso com a If, ele se queixa da dificuldade em manter a empresa “viva” no início da operação. “São muitos custos no primeiro ano e sinto que a burocracia ainda é muito complexa, porém nada paga a minha liberdade em desenvolver um trabalho que acredito, mantendo minha qualidade de vida”, conta Konrath.
Outro exemplo de um empreendimento inovador criado por jovens é A Grande Escola. Idealizada por dois jovens, ela oferece cursos com temas inovadores, bem variados e nada comuns.
O proprietário da empresa, Guilherme Krauss, acredita que a nova geração espera encontrar no mercado de trabalho igualdade, autonomia, flexibilidade, prazer e também um pouco de dinheiro. Para ele, as resistências encontradas nas empresas para essas novas formas de trabalho, são devidas ao modelo de comportamento em que os funcionários mais antigos foram educados. “Vivemos uma transição de eras, um momento histórico, eu diria. E toda transição traz ruídos. Passado, presente e futuro estão dialogando para chegar a um novo modelo”.
De acordo com a administradora e também especialista em comportamento de consumo, Danielle Marcião, os jovens raramente vão investir em empreendimentos ultrapassados e desatualizados, que não se adéquam às tendências do futuro do trabalho.
A administradora destaca que os jovens estão criando empreendimentos inovadores e experimentais, que conversam com seus estilos de vida. “Nessa geração, o prazer em exercer o trabalho determina a realização profissional. Eles precisam enxergar um propósito no que fazem”. A especialista ainda afirma que o comportamento empreendedor desses jovens está modificando a forma tradicional de trabalho.
Falando em empreendimentos inovadores…
O coworking é um modelo inovador de trabalho baseado no compartilhamento de espaço que reúne pessoas que não necessariamente trabalham na mesma empresa. Esses espaços são muito populares entre profissionais autônomos e são uma alternativa de fugir do isolamento e distrações que existem no home-office, além de facilitar o networking entre os profissionais.
O modelo trata-se de uma tendência internacional: o consumo colaborativo. Cada vez mais, iniciativas que estimulam o uso coletivo dos recursos aparecem e o coworking parece ser uma das mais populares. A pesquisa Censo Coworking Brasil, realizada em 2017, revelou que há mais de 800 espaços corworkings no Brasil. São cerca de 56 mil locais com este tipo de trabalho, movimentado uma economia de R$ 82 milhões. O Paraná é o terceiro estado com maior número, cerca de 60, mas perde de longe para o estado de São Paulo, que conta com 336 espaços.
Para Ricardo Doria, proprietário da Aldeia Coworking, esse crescimento se deve ao fato de que o antigo modelo de trabalho corporativo está definhando. Segundo o empresário, as pessoas não querem mais rotinas automáticas, sem significado e por isso os espaços compartilhados são excelentes para esse público.