Crítica a fanatismo religiosos e homofobia marca peça “O Jornal- The Rolling Stone”

A encenação é inspirada em história real ugandense
Por Thais Porsch e Alice Putti
Na noite desta terça-feira (03), “O jornal-The Rolling Stone” encerrou sua participação no festival de Curitiba com grande aclamação do público. A apresentação dirigida por Kiko Mascarenhas e codirigida por Lázaro Ramos mescla temas populares na sociedade como religião, homossexualidade e racismo.
A peça aborda a repressão e o preconceito na ditadura de Uganda e gira em torno do tabloide The Rolling Stone, que publicava endereços e fotos de homossexuais e convocou os leitores a enforcá-los. Dembe (Danilo Ferreira), um dos protagonistas da trama, se apaixona por outro homem e tem que enfrentar o preconceito, a lei e o medo, não só da sociedade, mas também de seu irmão Joe (André Luiz Miranda), recém convocado para ser reverendo de uma igreja extremamente conservadora.
O jornal citado é real e em 2010 publicou uma lista de 100 homossexuais incentivando uma “caça às bruxas” para acabar com a “maldade e os atos repudiosos”. Durante o período de circulação do jornal, diversos gays foram mortos ou tiveram que se refugiar em outros lugares.
Após três anos da estreia em Londres, o espetáculo, que também passou pelo Rio e São Paulo, marcou presença no Festival de Curitiba. A montagem brasileira foi dada por meio da tradução de Diego Teza, que logo apresentou o projeto a Kiko Mascarenhas.
Mascarenhas já esteve presente no Festival como ator, porém essa foi sua primeira fez como diretor em Curitiba. “Acho esse festival um dos mais importantes do país. Quando surgiu o convite a gente queria muito trazer essa peça”. O diretor igualmente afirmou se surpreender com o Festival de Teatro esse ano. “Foi incrível, o resultado foi bem além da expectativa da gente. Vou sair daqui com ótimas lembranças “.
Após se interessar pelo contexto da peça, Mascarenhas convidou o ator Lázaro Ramos para participar na codireção pois, segundo ele, é um texto que retrata o momento presente. Além disso, o elenco do espetáculo é composto 100% de atores negros.