Curitiba precisa estar preparada para atender a população idosa

Pessoas de mais de 60 anos são frágeis devido a isso qualquer queda pode ser fatal
Por: Aline Bellino, Brandow Bispo, Luca Matheus e Patricia Munhoz
Depois dos 65 anos, o reflexo e a locomoção diminuem, também há problemas de visão, artrose e osteoporose que causam mais fraturas em quedas. Portanto, a cidade precisa estar preparada para atender a população idosa, tanto na estrutura como nos serviços de saúde.
Além disso, eles precisam de atividades físicas e estar constantemente socializando com outras pessoas para uma melhor qualidade de vida. “São pessoas mais frágeis e, só por causa disso, existe a chance de morrer nos próximos três anos”, afirma o médico geriatra Gilmar Calixto.
Um dos problemas que mais causa quedas de idosos é a perda de sensibilidade nos pés e, com isso, a pessoa pode desenvolver uma síndrome do medo de cair. Calixto explica que essa síndrome é um perigo, porque o idoso para de sair de casa e isso causa outros problemas de saúde, como a depressão.
A população idosa está aumentando cada vez mais no Brasil. Curitiba tem, atualmente, 276 mil pessoas com mais de 60 anos, ou seja, cerca de 13% da população, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde. A previsão é que esse número praticamente duplique em 2040, chegando a 541 mil idosos na cidade.
Sobre a estrutura de Curitiba, o médico geriatra, que já foi presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, diz que, hoje, os governantes já pensam mais na acessibilidade para a população idosa. Mas aponta “as calçadas de Curitiba são um problema, muitas pedras”, além do tempo de semáforo que é muito curto para um idoso, segundo o médico.
A pessoa acima de 60 anos cai duas vezes por ano, afirma Calixto. Quedas essas que se fosse com jovens, provavelmente não causariam grandes problemas, mas nos idoso há muitos casos de fraturas e, ele ressalta que ¼ da população idosa que fica imobilizada não sobrevive mais do que um ano.
A assessoria da secretaria Municipal da Saúde informa, via e-mail, que está programada uma reestruturação na atenção à saúde do idoso, com foco principal nas Unidades de Saúde. Portanto, é previsto uma melhora da oferta de serviço especializado para essas pessoas e na prevenção de agravos que limitem a autonomia e independência do indivíduo.
Desde 2012, Curitiba tem o Hospital do Idoso Zilda Arns, primeiro hospital do Brasil voltado para o cuidado da pessoa com mais de 60 anos. A estrutura do hospital é pensada para a locomoção do idoso.
Assim como o hospital, a cidade precisa ter estrutura que possibilite acessibilidade a todos. O coordenador na Supervisão de Informação do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Oscar Schmeiske, conta que já foram identificadas rotas prioritárias, ou seja, que possuem maior fluxo de pessoas e trajetos realizados para locais, como terminais e hospitais. Após essa identificação, estão previstas para serem realizadas revitalizações nesses lugares para a maior acessibilidade de todos e, principalmente do idoso, segundo o coordenador.
A rua do Hospital das Clínicas e a rua do Hospital do Idoso são dois exemplos de locais que tiveram obras recentes, sendo que a segunda as obras apenas começaram. E tem a rua da Igreja Perpetuo Socorro “que as obras já começaram também, pois é um local muito frequentado por pessoas idosas”, fala o Oscar Schmeiske.
No entanto, o urbanista aponta que o maior problema ainda são as calçadas de Curitiba, que são muito esburacadas e cheias de obstáculos. Sobre isso, o coordenador do IPPUC confirma que esse é um problema, principalmente o piso paralelepípedo. “A manutenção desse piso é muito difícil, mas esse não é mais usado na cidade”, ele afirma.
O trânsito é um desafio para a terceira idade
A Agência Nacional de Mobilidade (Anamob) entrou para o Conselho Municipal da Pessoa Idosa (CMPDI) em julho de 2017, com projetos que pensam na mobilidade do idoso.
Coordenadora de projetos da Anamob, Êrica Elisa Nickel, diz que a segurança também depende da estrutura viária da cidade e, outro fator, que influência para pessoas com acessibilidade reduzida, é o tempo do semáforo. Êrica conta que uma pesquisa em Curitiba mostrou que o tempo é de 12 minutos e, foi determinado que era muito pouco. Então, o tempo do semáforo foi aumentado em 30% em pontos principais de pedestres idosos.
Desde 2014 existe o projeto de prevenção de acidentes de trânsito com idosos. Esse projeto faz parte do movimento mundial “Década de ação pela segurança no trânsito”, que vai de 2011 à 2020 e tem como compromisso diminuir em 50% as mortes no trânsito.
“Curitiba foi piloto nesse projeto com várias diretrizes”, afirma à coordenadora e explica que dados realizados pelo Setran revelavam que “os idosos são os pedestres que mais morrem em Curitiba, um risco de 40 vezes maior que crianças”.
Por isso, foi criado o semáforo inteligente, o idoso utiliza o cartão do transporte para deixar o semáforo com mais tempo para pedestre naquele momento, porém, “muitos nem sabem que isso existe”, Êrica afirma.