Ecoestádio: o futebol ecologicamente correto

por Gisele Passos
Ecoestádio: o futebol ecologicamente correto

Tudo no estádio é planejado com base na sustentabilidade

Por Letícia Nascimento Aleixo e Yuri Braule de Paula Weiss

Passeando pela região do Barigui, ao lado da BR-277, encontra-se uma extensa área verde, desenvolvida pensando no meio ambiente e na sustentabilidade, com animais passeando pelo local e áreas próprias para portadores de necessidades especiais. Se essa descrição poderia bater com o parque de um milhão de metros quadrados, ela bate também com o Ecoestádio, o qual tem uma passarela separando os dois locais. O Ecoestádio Janguito Malucelli, conhecido por muitos como Janguitão, foi o primeiro e único estádio ecológico do Brasil, com capacidade para 3.280 mil pessoas.

Tudo no estádio é planejado com base na sustentabilidade: O placar é feito de madeira, a arquibancada é em um gramado, e só possui uma faixa de concreto no lugar onde são colocados os bancos, refletores só foram colocados depois de exigências legais, e só existe uma divisória de ferro entre o campo e a torcida por questões de segurança. O diretor de segurança, Marcos Nunes Tiburcio, conta que, pelo clube, o estádio seria ainda mais ecológico, porém muitas coisas precisaram ser alteradas. “O estádio só não é mais ecológico porque a legislação não permite, e pela cultura do brasileiro. Nosso desejo era não ter grade, e o arame farpado foi a pedido da polícia. Fomos interditados por conta disso, a polícia não liberou enquanto não colocasse”, relata Tiburcio.

Marcos conta que quando veio a ideia de construir um estádio, pensaram no que queriam para sua família, já que consideram o J Malucelli uma grande família. “Você fazendo um ambiente família, você tem um ambiente ecologia. Um lugar para ir com a família! Em dia de jogo aqui, tem criança correndo pra tudo que é lado”. Outro ponto para a decisão do ecoestádio, é por se localizar ao lado do Parque Barigui, um dos pontos turísticos mais importantes da capital paranaense. Construir um estádio gigante de concreto ao lado de um lindo parque iria contra os valores deles.

 

Meio ambiente é só o começo

A sustentabilidade do estádio vai além do ambiental. Para as pessoas com dificuldades de locomoção, existe uma área no estádio destinada para elas. Para pessoas gestantes, idosas e com crianças de colo, a primeira fileira, chamada de “área branca”, devido a cor de seus bancos, é destinada a elas, evitando precisar subir as escadas para se acomodarem.

Lucas Aquino já frequentou alguns jogos no Janguito, e acredita que a vista de quem está nas arquibancadas, no qual se observa o parque ao fundo, é um grande diferencial. “Além do estádio ter toda essa questão ecológica, ter o Parque Barigui como fundo eu acho que é o principal, pois dá uma sensação boa, é um estádio bacana de assistir jogos”, diz.

O Ecoestádio tem chamado muita atenção de times do Brasil, que muitas vezes, quando estão em Curitiba, preferem treinar no Janguito Malucelli a ir aos CT’s dos times grandes da capital. Alguns dos clubes que já passaram pelo estádio ecológico foram Grêmio, São Paulo, Palmeiras, Internacional, Corinthians, Flamengo, Cruzeiro, Atlético Mineiro, e Coritiba e Atlético Paranaense, que já até mandaram jogo no estádio. Mas essas visitas não são somente de dentro do país, um exemplo disso é a visita de um representante do Barcelona e do diretor do Real Madrid para conhecer o estádio. E durante a Copa do Mundo de 2014, as seleções da Nigéria e da Rússia treinaram no ecoestádio.

 

Construções e o selo verde

Pensando em classificar as construções, a U.S. Green Building Council (USGBC) criou, em 2000, uma série de pontos que determinam o quão sustentável é uma obra, o Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), também conhecido no Brasil como “selo verde”.

Com base em critérios sociais, econômicos e ambientais, as edificações precisam que cumprir uma série de exigências que sejam melhor para incluir todas as pessoas que frequentam, que saibam investir com inteligência na construção e que cumpram com o meio ambiente, é feito então a conta de quantos pontos foram cumpridos nessas três categorias.

Feito o cálculo, determinado projeto pode ser considerado ambiental se receber de 40 a 110 pontos, com a possibilidade de receber o selo “certificado”, de 40 a 49 pontos, “prata”, de 50 a 59 pontos, “ouro”, de 60 a 79 pontos e “platina”, de 80 a 110 pontos.

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