Orquestra Filarmônica de Curitiba aposta em repertório popular

por Ex-alunos
Orquestra Filarmônica de Curitiba aposta em repertório popular

Mudança tem atraído público diversificado, de crianças a idosos, aos concertos do grupo

Por Filipe Ramos, Gabriela Savaris e Leticya Pasqualini

Quebrando o conceito de que música erudita é ultrapassada e limitada, a Orquestra Filarmônica de Curitiba (OFC) tem realizado concertos que atraem todo o tipo de público e misturam todos os tipos de música. Broadway in Concert, Cinema in Concert e Magia são apenas alguns dos eventos realizados pela OFC nos últimos meses, lotando grandes palcos como o Teatro Guaíra e Positivo.

O grupo foi criado em 2012, mas no último ano, o foco e a proposta foram adaptados. A responsável pela criação e direção da orquestra, Kika Marquardt, diz que, no princípio, a OFC trabalharia apenas com eventos, mas Marquardt percebeu que a orquestra poderia ser um grupo procurado, com festivais e concertos que gerassem grande venda de ingressos e fãs.

O concerto Cinema in Concert, realizado em abril e em setembro, teve em sua programação a trilha sonora de filmes como Star Wars, Harry Potter, Indiana Jones, entre outros. Os ingressos para os dois eventos foram esgotados, e o Guairão teve lotação máxima. Broadway in concert, outro show em que houve lotação máxima e venda total dos ingressos, contempla os sucessos da broadway. O evento contou com a participação de cerca de 80 artistas, entre eles: cantores, motoristas e atores.

No dia das crianças, a OFC realizou o concerto Magia, um show com trilhas sonoras dos filmes infantis tocados pela orquestra com a participação de personagens. O espetáculo contou com cerca de 2 mil pessoas.

As impressões da mudança

Shana Karin Bolsi é administradora, pianista e grande fã da música clássica, e levou seu filho ao evento. Para ela, é uma oportunidade de mostrar a música erudita de uma forma interessante e estimulante. “Trazer ele a uma orquestra normal seria impossível, ele iria dormir nos primeiros 15 minutos (…) Então, a ideia foi trazer ele a esse contexto adaptado, para que ele possa começar a se apaixonar pela música clássica”, explica ela.

Essa junção da música erudita e da música popular, crossover, é uma transformação no repertório que teve grande impacto na Filarmônica de Curitiba. A diretora explica que muitas pessoas já queriam essa adaptação. “Isso era um pedido que vinha do próprio público para os músicos (…) Então, a gente reconheceu que havia essa demanda no mercado e apostamos com tudo”, afirma.

Segundo o Maestro da OFC, Alexandre Brasolim, essa tentativa de aproximar o público, gerou grandes resultados. Para ele, A orquestra moderna abrange um universo muito maior do que apenas o que os grupos normalmente tocam. “A nossa ideia é caminhar para um lado de repertórios que não foram feitos pelas outras orquestras”, declara Brasolim. O maestro também ressalta a necessidade de valorizar a música popular e a riqueza de várias das músicas que eles têm apresentado em seus concertos, “São músicas muito bem escritas, muito ricas”.

Apesar de existir um conceito sobre quem deve consumir a música erudita, o maestro explica que a música é para todos. “ Não precisa ser um erudito em música clássica, basta sentar no teatro, relaxar e ouvir (…) é só começar a ouvir que você vai se apaixonar, vai querer estar em todos os concertos por aqui.”

Músico e professor no Conservatório de Música Popular Brasileira, Marcelo Pereira vê de forma positiva essa mudança de repertório, e diz que é uma maneira de aproximar mais os diversos públicos que não estão acostumados a frequentar espetáculos clássicos. “Com essa mudança de estilo, a música clássica não perde nenhuma essência e, sim, traz muito mais conteúdo. Com isso, aumenta o público dependendo do gosto musical, como, por exemplo, amantes de Beethoven”, explica Pereira.

O músico ainda aponta para a necessidade dos espetáculos atenderem ao público e à cultura. “Como todo show é um grande empenho, é algo contínuo e deve ser feito junto à sociedade, ouvindo o que eles gostam e trazendo um som de qualidade (…) Trabalhar a valorização da cultura, de conservação de espaços culturais e de acesso à nossa cultura, pois sem cultura não se muda nada”, declara ele.

 

Outras orquestras de Curitiba

A OFC tem feito a maior parte dos seus eventos no Teatro Guaíra, mas a orquestra não tem nenhuma conexão com o centro cultural. Diferente da Orquestra Sinfônica do Paraná, que é mantida pelo governo e trabalha com o Guaíra, a OFC é não governamental e loca o auditório como qualquer outro grupo musical. O preço dos ingressos podem variar de R$ 20,00 até R$ 80,00. O grupo não tem nenhum concerto na agenda para os próximos meses, mas, segundo a direção, o público deve esperar grandes projetos e eventos trazendo novidades para o futuro.

A Orquestra Sinfônica do Paraná realizou no dia 22 de outubro, no palco do Teatro Guaíra, o “Concerto para Crianças”. Sob a regência do maestro Stefan Geiger, o concerto retratou a música de Howard Blake em sua produção “The Snowman” (O Boneco de Neve). O evento ainda contou com a coreografia “Brincar e Dançar”, apresentada por 21 alunos da Escola de Dança Teatro Guaíra, que interagiram com o público.

Outra orquestra que se apresenta em Curitiba é a Camerata Antiqua, porém ela não tem nenhum projeto de crossover como a OFC.

 

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