Correios fecham aos sábados para cortar custos

Mapa mostra agências que ainda abrem aos sábados em Curitiba
Por Bruna Bonzato, Gabriella Bacinelo e Maria Seabra
Em busca de redução de despesa, os Correios decidiram fechar 10,5% das agências que funcionavam aos sábados. Em nota, a Diretoria Regional do Paraná dos Correios afirma que, desde 19 de março, 685 das 6.471 agências próprias não abrem mais em todo o Brasil por apresentar baixo fluxo de clientes.
Segundo a assessoria de imprensa da empresa, a estatal planeja racionar mais de R$100 milhões. No Paraná, 10 filiais dos Correios deixam de atender aos finais de semana, sendo cinco delas em Curitiba.
Veja quais agências continuam abertas na capital paranaense:
De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (SINTCOM-PR), Alexandre Basílio, o serviço público deve favorecer a população, ao invés de diminuir custos. Por isso, ele classifica essa contenção nos gastos como “uma grande mentira”.
O diretor explica que, com essa medida, 15% do salário dos trabalhadores é economizado, prejudicando o funcionário e também a população, “principalmente nas cidades menores”.
Basílio ressalta que essa mudança se reflete na qualidade do serviço de Correios, que tende a piorar. Ele afirma que os Correios fecham uma agência própria e passam o trabalho para a iniciativa privada, fazendo com que empresários ganhem mais dinheiro.
Segundo o diretor, existe intenção de a empresa fechar mais duas mil agências em todo o Brasil, o que “vai atingir ainda mais a população, que ficará cada vez mais sem atendimento e sem emprego”.
Por meio da assessoria de imprensa, os Correios afirmam que a população não ficará sem atendimento. A estatal ainda diz que, buscando reverter um déficit, medidas como a redução de diárias, de passagens e do consumo de papel e toner, entre outras, também já foram implantadas.
Medida beneficia empresa e prejudica clientes, diz especialista
A economista Josielli Beduschi acredita que o fechamento aos finais de semana impactará positivamente na redução dos custos da empresa, sobretudo em relação à folha de pagamento dos funcionários e também na redução do uso da energia elétrica nas agências e do uso de combustível usado nos veículos para a entrega de encomendas.
Em contrapartida, Josielli ressalta os prejuízos aos usuários, “a menos que os correios aumentem o número de colaboradores no período de segunda até sexta-feira”.
Na visão da economista, a medida pode mudar o comportamento do mercado e incentivar as empresas, “sobretudo as que possuem contrato de prestação de serviço junto aos correios”, a migrarem desses serviços para empresas privadas concorrentes, como Fedex, DHL e Braspress.
Ela ainda afirma que o e-commerce não será prejudicado e ainda pode optar pela contratação de concorrentes para a entrega de mercadorias.