Grupo inclui jovens deficientes em corridas de rua

por Ex-alunos
Grupo inclui jovens deficientes em corridas de rua

Projeto aposta no esporte para promover inclusão social e hábitos saudáveis Por Bernardo Vasques, Gabriel Witiuk e Pedro Freitas

Buscando aproximar jovens com deficiência da prática esportiva, o grupo “Inclusão e Alegria – Corredores Especiais” procura, por meio da corrida de rua, proporcionar inclusão social e vida saudável a jovens com deficiências como paralisia cerebral e má-formação óssea.  A iniciativa é do analista de sistemas Rocio Piotto Jr. e da psicopedagoga Lisiane Piotto, que são casados.

Juntamente com mais cinco famílias, o grupo foi criado em março de 2015, e, segundo Piotto Jr., tem por objetivo além da inclusão, fazer com que as crianças especiais não fiquem apenas em casa e possam se exercitar e ter alegria.

Adaptando cadeiras de rodas e realizando encontros principalmente no Jardim Botânico de Curitiba, o grupo treina para diversas corridas na cidade, já tendo participado de provas nos quarteis do Boqueirão e Pinheirinho e no Museu Oscar Niemeyer.

Lisiane Piotto diz que uma das principais barreiras quebradas pelo grupo é a da recorrente opinião de que crianças e jovens com deficiência são impossibilitadas de viver a vida normalmente. “As pessoas da sociedade veem que nossos filhos não são aqueles coitadinhos que deveriam ficar em casa e acabam participando e ajudando a gente”. Ela ainda coloca que as pessoas acham a iniciativa louvável e acabam se unindo por um objetivo comum, tanto quem participa empurrando as cadeiras, quanto quem assiste e dá apoio emocional às famílias.

As mudanças na vida dos participantes são diversas, afirma Piotto Jr. Para ele, a mudança começa logo na parte física, pois a corrida tira pessoas do sedentarismo e desenvolve hábitos saudáveis. “Você começa a fazer atividade física. Queira ou não queira, tem que treinar um pouco”.

Mesmo assim, para a família, o benefício maior é ver como a iniciativa tem feito bem para sua filha, Talita, como a menina gosta de participar das corridas, trazendo aos pais a sensação de dever cumprido. A mãe Lisiane detalha: “Quando tem corrida e eu chamo a Talita de manhã, ela já acorda rindo, brincando. A gente, como pai, conhece e sabe que ela gosta de estar ali participando, correndo”.

A divulgação do grupo “Inclusão e Alegria – Corredores Especiais” é feita principalmente por meio do Facebook, que conta, no momento, com quase 300 curtidas e, segundo Piotto Jr, por meio do “boca-a-boca”, fazendo com que mais pessoas fiquem sabendo e tenham vontade de participar.

O grupo, segundo ele, está sempre aberto a novos participantes, pois a ideia principal sempre foi de inclusão, e não de tornar o grupo algo mais seleto, apenas para pessoas mais próximas.

Paradesporto visa a profissionalização

O Paraná conta com alguns programas de incentivo a atletas com deficiência. O coordenador da área de paradesportos da Secretaria de Esportes do Paraná, Mário Sérgio Fontes, explica que, por meio do programa “Top Paralímpico”, o governo apoia financeiramente atletas desde a fase de iniciação esportiva na infância até a fase de profissionalização, buscando formar atletas para competir em alto nível.

Quanto ao incentivo a grupos menores de paradesporto, a família Piotto fez críticas e afirmou que não existem projetos que apoiem grupos pequenos, fazendo com que estes tenham que, muitas vezes, pagar do próprio bolso os custos com cadeiras de rodas e inscrição em provas. Mário Sérgio, por outro lado, explica que é extremamente difícil para o Estado apoiar todos os grupos independentes, mas busca sempre abranger o maior número possível de pessoas

“O estado busca apoiar diretamente as federações, porque fica muito difícil apoiarmos grupos completamente independentes sem ter um critério para isso. As federações chegam com mais facilidade a esses grupos”, aponta.

Atividade física traz ganhos em saúde

Praticar atividades físicas regularmente é extremamente favorável à saúde do corpo e da mente, inclusive para pessoas com deficiência. O fisioterapeuta Wagner Nakamura afirma que as relações estabelecidas com o meio durante as corridas favorecem muito o desenvolvimento do senso cognitivo dos jovens com deficiências como a paralisia cerebral.

Para o fisioterapeuta, o aprimoramento da exploração sensorial, visual e emotiva proporcionada pela corrida pode ajudar os jovens a ter um melhor relacionamento social e desenvolvimento global.

É preciso ter alguns cuidados, entretanto, ao expor jovens com deficiência a um meio como o da corrida. Nakamura explica que é preciso tanto cuidados físicos quanto psicológicos. Isto é, deve-se adaptar a sobrecarga e continuidade da modalidade, além de se fazer um rigoroso controle fisiológico e técnico.

Além disso, é preciso constantemente estimular no jovem a motivação, o interesse e a sensação de triunfo em uma prática como corrida, para que se crie autoconfiança no participante. “É necessário deixar claro e muito bem trabalhado antecipadamente a experiência com as possibilidades, potencialidades e limitações, vivência de situações de sucesso e de frustração, e o mais importante, estimular sempre a competitividade e a integração afetivo-social”, explica.

 

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