Passagem sobe e pesa no bolso do curitibano

Em seis meses, a passagem chegou a aumentar R$ 0,60 na cidade
Por Fernanda Menuci
A passagem de ônibus em Curitiba sofreu novo reajuste no início deste mês, quando o desconto de R$ 0,15 aplicado para quem pagava a tarifa com cartão-transporte foi extinto. Com isso, desde setembro de 2014, as passagens na cidade já sofreram três alterações, aumentando gradativamente. Em seis meses a passagem chegou a aumentar R$0,60. Oito de nove entrevistados ouvidos pelo Portal Comunicare relatam que o aumento foi impactante nas finanças domésticas, e alguns tiveram de mudar suas atividades para se enquadrar na nova realidade.
Em setembro do ano passado, houve a primeira alteração: um aumento de R$0,15. A segunda veio logo em seguida, no dia 6 de fevereiro de 2015, quando passou de R$ 2,85 para R$ 3,30. Neste dia, passou a vigorar um abono de R$ 0,15 para quem usasse o cartão-transporte, em proposta da URBS para incentivar seu uso. Ela, no entanto, acabou no último dia 6.
O desconto para quem usava o cartão entrou em vigor, mas não foi aceito pelo Procon. Em marco, a Urbs, empresa que administra o transporte na cidade, assumiu compromisso com o Ministério Público de manter a medida por três meses, em prazo que venceu no início do mês.
Aumento dos gastos
Alessandra Slonzon, 22, moradora de Curitiba, usa o cartão-transporte diariamente e acha que R$ 0,15 a mais serão relevantes no fim do mês. Desde os aumentos, a mãe de Alessandra procura levá-la de carro quando possível. Para ela, o novo valor gasto pode ser usado na gasolina.
O irmão da jovem, Roberto Slonzon, 27, também usa o cartão e diz que sentirá a diferença. Para ele, a mudança é particularmente difícil para quem trabalha e estuda: “A diferença pode ser o valor do Xerox”, compara. Segundo Roberto, as mudanças foram grandes e repentinas e deveriam ter sido feitas mais gradualmente. “Quem precisa usar o transporte público vai usar e pagar de qualquer maneira”, diz.
A opinião de Erica Lopes, 21, não difere. Ela diz ter sido prejudicada e que parou de realizar passeios. Também afirma que o aumento não contribuiu para a melhoria do transporte público. Já Valquíria Wagner, 21, diz não ter arcado com os novos valores, pois quem o fez foi a seguradora em que trabalha.
Os valores nas regiões metropolitanas também subiram no começo do ano. Gabriela Jardim de Campos, 13, moradora do município de Piraquara, teve de deixar de ir às aulas de teatro na cidade e de informática na capital, já que a passagem na cidade ficou R$0, 35 mais cara. O aumento custou à família de Gabriela, que precisou se adequar: antes se gastava R$ 47,20 mensalmente para ir a essas aulas, valor que subiu repentinamente para R$ 53,60.
Diminuição de assaltos
Segundo a Urbs, na semana anterior ao inicio do desconto o numero de emissões do cartão mais do que dobrou. Nesse tempo, a média diária passou de 400 para 890. Entre janeiro e março deste ano, o pagamento de passagens com o cartão-transporte passou de 56,1% para 61,8%, equivalente a R$ 6 milhões que deixam de circular em dinheiro vivo, diminuindo os assaltos em quase 30% nos quatro primeiros meses do ano se comparado com o mesmo período de anos anteriores.