Luizão acusa empresas de participarem de caixa dois na doação para campanhas

O candidato à Prefeitura de Curitiba pelo Solidariedade diz que sua forma de governar é técnica e que não nomeia apenas políticos para assumir cargos comissionados.
Por Ricardo de Siqueira | Foto: Marcelo Xavier
O entrevistado da sabatina do Jornal Bem Paraná desta quarta feira (18), Luizão Goulart (SD), apresenta sua aprovação de 94% no mandato como prefeito de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, como cartão de visitas para concorrer à Prefeitura de Curitiba. Autodeclarado um político de centro, o candidato diz que não segue ideologias. Criticou as empresas de transporte da cidade e defendeu um fundo partidário com distribuição mais equilibrada e a volta das doações feitas por empresas. Também falou sobre valorização dos servidores públicos, educação e valorização da mulher.
Atualmente no partido Solidariedade (SD), o candidato começou a carreira política pelo Partido dos Trabalhadores (PT), mas abandonou a legenda, dizendo acreditar que o partido não praticava as próprias bandeiras e ideais. Luizão nega que tenha saído por conta da crise política que o PT viveu durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Mas afirma ser um candidato de centro que dialoga com todos.
Em 2020, Luizão demonstrava interesse de concorrer à Prefeitura de Curitiba, mas foi convencido junto com seu atual concorrente, Ney Leprevost, pelo governador Ratinho Júnior (PSD), a desistir da corrida eleitoral. Naquela situação, Luizão não teve o apoio do Republicanos, ao qual estava filiado, para seguir com a candidatura, resultando em sua mudança de legenda para o Solidariedade.
O candidato acredita que atualmente há uma disparidade na distribuição dos recursos para os candidatos. Segundo ele, a iniciativa privada participa através de caixa dois, o que o faz apoiar a retomada das doações de pessoas jurídicas, assim diminuindo o orçamento para o fundo eleitoral. Atualmente apenas pessoas físicas podem contribuir com as campanhas.
“A pessoa cede um espaço, você tem uma estrutura à disposição, tem pessoas que se envolvem na campanha, você abre uma empresa que tem 300 funcionários, mas não abre para outros, e isso é uma espécie de caixa dois. Você cria uma desigualdade na forma de conduzir. Você dizer que as empresas de transporte público não estão participando da eleição, no mínimo é ingênuo.”
Luizão Goulart (SD), candidato à Prefeitura de Curitiba
Em transporte público, Luizão criticou o “Lobby” empresarial por trás das políticas de transporte da cidade. Citou a passagem da cidade como a mais cara do país, e prevê um valor de 4R$ em seu governo. Questionou a falta de novos modais além dos ônibus, e ainda disse que as empresas estão participando desta eleição pensando na nova licitação que será feita no próximo ano. Para Luizão, é preciso abrir o debate para a sociedade, estudando os demais sistemas de transporte pelo país para reformular o sistema de Curitiba.
Em relação aos servidores públicos, o candidato avalia negativamente a relação da prefeitura com os funcionários. Defendeu a capacitação, plano de carreira e a valorização dos profissionais que mais entregam um bom serviço, assim como a contratação de novos funcionários. Não é contra a terceirização de algumas áreas como limpeza e vigilância.
Na opinião de Luizão, a falta de investimento na educação infantil é um dos erros mais graves dos gestores. Citou o caso de salas com superlotação e a fila de crianças à espera de uma vaga nas creches. “Temos aqui em Curitiba 25% das crianças que não conseguem ser alfabetizadas na idade certa”.
O candidado afirma que irá valorizar e dar oportunidades para as mulheres, mas não se compromete com um governo composto de forma expressiva por elas. Também diz ainda não ter definido se vai criar propriamente uma secretaria para gerir as políticas voltadas a esse público, mas que gostaria de criar algum órgão que atendesse as mulheres.
“O que o Luizão veio se meter aqui em Curitiba?”, foi como o candidato imitou alguns eleitores que ele acredita terem preconceito com sua vinda para a disputa política em Curitiba. “Eu percebo um certo preconceito com quem vem da Região Metropolitana”. Mesmo com isso, o candidato diz que não se importa com a situação e faz uma relação como se os cidadãos estivessem contratando um serviço. “Eu quero ser contratado para ser prefeito de Curitiba.”
Reveja todas as sabatinas e confira a agenda das próximas:
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- 09/09: Samuel Mattos (PSTU)
- 10/09: Cristina Graeml (PMB)
- 11/09: Ney Leprevost (União)
- 12/09: Eduardo Pimentel (PSD)
- 13/09: Maria Victoria (PP)
- 16/09: Andrea Caldas (PSOL)
- 17/09: Felipe Bombardelli (PCO)
- 18/09: Luizão Goulart (Solidariedade)
- 19/09 Roberto Requião (Mobiliza)
- 20/09 Luciano Ducci (PSB)