Morte de recém-nascido por coqueluche causa alerta no estado do Paraná

por Kauany Barbieri
Morte de recém-nascido por coqueluche causa alerta no estado do Paraná

Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Após cinco anos sem nenhum óbito no estado, o Paraná registra um aumento de 500% dos casos e a primeira morte causada pela doença em Londrina.

Por Arezza Souza e Kauany Barbieri

Após um período de cinco anos sem registros de óbitos, o estado do Paraná confirmou a morte de um bebê de 6 meses, residente de Londrina, em decorrência de coqueluche. De acordo com a Secretaria Municipal de Londrina , a criança era uma menina prematura que estava com a vacinação atrasada. O falecimento aconteceu dia 30 de julho.

O Paraná está enfrentando um surto epidemiológico de coqueluche, com um aumento de 500% nos casos em 2024, em comparação ao ano anterior. Até agosto, o estado registrou 249 casos da doença, enquanto em 2023 foram 17, sem óbitos. 

Os dados mais recentes mostram que a faixa etária mais afetada pela infecção é a de adolescentes (12 a 19 anos), com predominância em mulheres (148 casos) em comparação com os homens (101 casos). Até o momento, três óbitos foram confirmados.

Fonte: perfil epidemiológico dos casos confirmados (SESA) N°: 04 – 28/08/2024
semana epidemiológica: 35

 

De acordo com Núcleo de Comunicação Social da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), as contaminações e os aumentos dos casos são resultados não tão fáceis de serem identificados, porém alguns fatores podem estar relacionados sendo eles as falhas de proteção imunológica da população, perda de imunidade, bem como a ciclicidade da doença, que ocorre em intervalos de 3 a 5 anos, elevando assim o número de casos.

 A Sesa também relata que por conta dos movimentos antivacinas e a grande disseminação de fake news por gerar um processo de hesitação vacinal na população. A cobertura de vacinação vem oscilando nos últimos tempos, a recomendação para o público é para não divulgar informação falsa ou duvidosa e que entre em contato com a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná ou com o Ministério da Saúde para apurar informações.

 

“Estamos reunidos com órgãos de extrema representatividade para que possamos ter uma força maior de conscientização sobre cuidados, ações e  principalmente a importância da vacina no combate às doenças. A coqueluche se enquadra perfeitamente como evitável por meio da vacina. Precisamos que toda a população entenda sobre a relevância em manter o hábito regular de deixar em dia a carteira de vacinação”. disse o secretário de Estado da Saúde Cesar Neves, em nota sobre o combate e cuidados contra a doença.

O mecânico Gabriel Ferreira de Lima, de 33 anos, que tem uma filha de 8 meses, diz que a criança recebeu as doses das vacinas nos períodos estipulados pela carteirinha de vacinação (2, 4 e 6 meses de vida). E que não deixa uma vacina se quer estar atrasada, “é triste ver sua filha com dor e agoniada quando vai tomar a injeção, mas sei que as vacinas são necessárias”.

Gabriel ainda comenta que não estava sabendo de nenhuma promoção ou campanha de vacinação por parte do estado e que muito menos sabia sobre a onda epidemiológica que o Paraná está passando.

Sintomas

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), com o avançar da doença as tosses podem se tornar muito mais fortes e incontroláveis, com crises súbitas e rápidas que podem causar vômitos, durante essa crise o infectado pode apresentar dificuldades para respirar.

A médica infectologista Camila Lopes Ahrens afirma que a coqueluche pode ser confundida com outras doenças respiratórias, como resfriado comum, bronquite, asma ou outras infecções respiratórias virais, especialmente no início, quando os sintomas são inespecíficos como febre leve, coriza e tosse. A diferenciação é feita pelo padrão característico de tosse paroxística prolongada, seguida por uma inspiração forçada que produz um som de “guincho” e pela duração da tosse, que geralmente é mais longa na coqueluche.

Imunidade

Ao adquirir a doença a imunidade é duradoura mas não permanente. O cronograma recomendado inclui a administração da vacina dTpa (ou dTpw) em três doses primárias aos 2, 4 e 6 meses, seguidas por uma dose de reforço aos 15-18 meses e uma dose adicional de reforço entre 4-6 anos.

Gestantes devem fazer uma dose da vacina do tipo adulto (dTpa) a partir da 20ª semana a cada gestação. A imunidade não é permanente, após 5 a 10 anos, em média, da última dose da vacina, a proteção pode ser pouca ou inexistente.

Prevenção

A vacinação é o principal meio de prevenção da coqueluche, crianças de até 6 anos, 11 meses e 29 dias devem ser vacinadas contra a doença.

O Sistema Único de Saúde (SUS) também disponibiliza a vacina específica para gestantes e profissionais da saúde que atuam em maternidades em unidades de internação neonatal.

A médica infectologista Camila Lopes Ahrens conta que “se uma criança perdeu alguma dose da vacina contra a coqueluche, ela deve ser vacinada o mais rápido possível”. O esquema de recuperação dependerá da idade da criança e de quantas doses já foram administradas. Em geral, todas as crianças menores de 7 anos devem completar a série de cinco doses da vacina DTPa. Crianças mais velhas e adolescentes devem receber a vacina Tdap para reforço da imunidade.

 

 

 

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