Paraná tem maior número de apreensões de cigarros eletrônicos do Brasil

Em 2024, 80,5 % do total de apreensões de cigarros eletrônicos do país foram no Paraná
Por Manoela Pereira de Souza, Maria Eduarda Honorio e Nicole Duarte Gomes | Foto: Nicole Duarte Gomes
O Paraná é o estado onde ocorre o maior número de apreensões de dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) no Brasil, sendo responsável por 80,5% dessas apreensões. O número de cigarros eletrônicos apreendidos em território nacional disparam nos últimos anos. Em 2024, até o dia 25 de agosto já foram 419,102 mil unidades apreendidas em todo país, ultrapassando a quantidade do ano anterior, quando as apreensões chegaram a 148,794 mil unidades retiradas de circulação.
A principal rota de entrada dos dispositivos é terrestre, pelo Sul do País. Os contrabandistas entram, principalmente, pelas fronteiras com a Argentina, o Paraguai e o Uruguai. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) do estado, o Paraná, pela sua localização geográfica, facilita a rota de distribuição desse tipo de contrabando e outros ilícitos. O destino desse tipo de mercadoria são os grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro.“ O Paraná é a melhor rota por ser um dos únicos caminhos para escoar o dispositivo via terrestre, que chega pelo Paraguai, facilitando a rota de distribuição”, informa Maciel Júnior, assessor de comunicação da PRF do Paraná.
A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil desde 2009. No dia 19 de abril a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) manteve a proibição destes dispositivos no país. A decisão foi tomada após extensa avaliação de seus riscos e impactos à saúde pública brasileira. A Anvisa reforça que é proibida a comercialização, importação, armazenamento, transporte e propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), a proibição também inclui o uso de DEFs em recintos coletivos fechados, públicos ou privados. No entanto, o uso não é considerado crime, mas sim a venda, que está sujeita a pena de reclusão de um a cinco anos, além de multa.
Apesar da proibição continuar em vigor, o consumo desses dispositivos continua crescendo no país. De 2018 a 2023 o aumento no número de consumidores de DEFs foi 600%. Dados do Ipec, instituto de pesquisa, que aponta quase três milhões de adultos usuários de cigarros eletrônicos no Brasil.
Malefícios causados pelo consumo de cigarros eletrônicos à saúde
Segundo levantamento conduzido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e pela organização global de saúde pública Vital Strategies, aproximadamente um a cada quatro jovens de 18 a 24 anos no Brasil já utilizou alguma vez um cigarro eletrônico. André Lucas dos Santos de 18 anos é consumidor de cigarros eletrônicos e explica que quando iniciou o uso recreativo, utilizava um dispositivo de cinco mil Puffs (tragadas) por mês, hoje, o jovem relata que seu consumo aumentou expressivamente: “Já fumo há uns oito meses e, hoje consumo dois cigarros eletrônicos de oito a 10 mil puffs, por mês”, diz André.
Médico em Curitiba, João Victor Pereira, alerta sobre os principais riscos associados ao consumo de cigarros eletrônicos, “A curto prazo o consumo do cigarro eletrônico pode causar doenças conhecidas como DPOC (grupo de doenças pulmonares que bloqueiam o fluxo de ar e dificultam a respiração); Fibrose pulmonar (causada pelo aquecimento do vapor que é ingerido); E a doença associada ao uso do cigarro eletrônico, que é uma nova modalidade de doença pulmonar associado a esse tipo de droga inalante”.
Pereira ainda explica, que os componentes químicos principais dos cigarros eletrônicos, envolvem a nicotina, que é potencialmente carcinogênico e pode fazer desregulação do sistema autonômico. Mas ainda não se sabe ao certo que tipos de problemas podem vir a longo prazo. “Além disso, como esse produto não é controlado por nenhum órgão de controle brasileiro, não é possível saber exatamente quais componentes químicos estão presentes na sua composição, o que reforça o fato de que, por enquanto, os efeitos a longo prazo são imprevisíveis”.