4. A inserção em carreiras tradicionais

Não existe no código penal militar uma proibição formal no uso de tatuagens, mas é algo imposto em seu âmbito. “Para evitar que haja problemas entre os soldados, coisas que possam prejudicar a disciplina ou a coletividade, acredito que na seleção esse pessoal é colocado à parte”, explica o General aposentado do exército César Augusto Souza. O militar conta que a tatuagem não é apontada como a razão direta para uma exclusão do processo seletivo, mas que na verdade a questão envolve certos receios. “Poderia haver discriminação do indivíduo tatuado no quartel perante seus colegas”, comenta.
Formar uma carreira em áreas federais ou das forças armadas é mais complicado para pessoas tatuadas. “Se tratando da polícia federal, por exemplo, às vezes é necessária uma infiltração, ou viver num ambiente para colher informações de inteligência e o indivíduo, por ser marcado, fica identificável. É queimado para qualquer outra operação naquele lugar”, aponta o General Souza.
No entanto, mesmo tratando-se de carreiras tradicionais, é fato que o preconceito vem deixando de ser um princípio e às vezes até toma lugar para admiração e interesse. Ricardo Ramin, de 34 anos, é professor de história da rede pública desde 2012 e tem braços e mãos cobertos de tatuagem. “O estranhamento inicial de alunos, funcionários e professores foi tomando forma de curiosidade ou até de elogios”, conta Ramin. Ele relata que antes de seguir a profissão docente se sustentava com subempregos, onde aí sim sentia muito preconceito. Ter um professor tatuado é motivo de entusiasmo para seus alunos, o que evidencia como a hostilidade a tatuagens vem perdendo força a cada nova geração.
1. Introdução
2. O tatuado no mercado de trabalho
3. A tatuagem como estratégia de marketing nas grandes corporações